sábado, 13 de julho de 2013














grato de minha criação
agora sou eu quem deve criar,

nas mãos cultivar o destino:
o arbítrio dos meus galhos

a raiz de minha história
para o fruto dos meus cuidados.



                                                           Haroldo Leão













quarta-feira, 10 de julho de 2013


O FOGO VENDO A PLANÍCIE

eu te desejo o fogo
que me acendeu agora este poema,
me lança como um dardo às frutas,
uma divina alegria enrodilhando-se na minha estatura,

me pega pelos cabelos
e mostra do cimos da vida
a vasta paisagem: o amor é uma praia
imediata a outros sentidos,      olha por ali entre os abismos
o caminho pacato que leva aos recantos sutis

planície: um dorso alvo desenhado no horizonte das ideias.

eu te desejo
essa brisa quente que me alimenta de luz
no quarto escuro,             esteja nu dos horrores da alma
quando este relâmpago
quiser movimentá-lo com fome para a vida
e fazê-lo desejar o beijo no sol, a claridade da lua,

venha o desgoverno bom na tua pele
de quem se lança chamejante como às frutas, 
a quem te busca como água, sedento.

eu te desejo as ideias
pensadas no silêncio da minha cama apontada para Deus,
quando vêm alegria pelos cabelos acendendo
o poema

tudo fica evolução, valsa, mantra, canção,
a palavra de gozo extasia-se silenciosa e sorri, inefável
traduzir o fogo que desejo a ti agora,

tenta apenas ser ateado
no coração por essa luz, o fogo resvala
do poema, entorna de mim de tanta alegria,

eu te desejo tanto o fogo
que as frutas te serão lançadas na direção da boca.
eu quero em ti, 
em tudo que espera com a mão em concha

o sangue retornando à veia, o fogo
que ergue a cabeça, mostra do alto da vida
onde o amor goza a paz mais longínqua


Haroldo Leão

FAZER



como quem faz as contas
fazer direito a cama.
não como quem faz de conta
que acordou
e não sabe quanto ganha.

como quem faz parte
fazer a vida.
não como quem pensa
que estar por fora
é a melhor saída.

como quem faz de um ato
saber de toda a razão.
não como fazer às cegas
das tripas coração.

como quem desfaz
a cama repleto
de estar existindo.
não como quem
outra vez adormece
sem saber que está vivo.



Haroldo Leão

terça-feira, 9 de julho de 2013











estranha força
que me arreda
para o sol,
vento sutil,

o golpe sem braço  
da vênus que sorriu

pedra que eu era
dardo que vou.




Haroldo Leão