O FOGO
VENDO A PLANÍCIE
eu te
desejo o fogo
que me
acendeu agora este poema,
me lança
como um dardo às frutas,
uma
divina alegria enrodilhando-se na minha estatura,
me pega
pelos cabelos
e mostra
do cimos da vida
a vasta
paisagem: o amor é uma praia
imediata
a outros sentidos, olha por ali entre os abismos
o caminho
pacato que leva aos recantos sutis
planície:
um dorso alvo desenhado no horizonte das ideias.
eu te
desejo
essa
brisa quente que me alimenta de luz
no quarto
escuro,
esteja nu dos horrores da alma
quando
este relâmpago
quiser
movimentá-lo com fome para a vida
e fazê-lo
desejar o beijo no sol, a claridade da lua,
venha o
desgoverno bom na tua pele
de quem
se lança chamejante como às frutas,
a quem te
busca como água, sedento.
eu te
desejo as ideias
pensadas
no silêncio da minha cama apontada para Deus,
quando
vêm alegria pelos cabelos acendendo
o poema
tudo fica
evolução, valsa, mantra, canção,
a palavra
de gozo extasia-se silenciosa e sorri, inefável
traduzir
o fogo que desejo a ti agora,
tenta
apenas ser ateado
no
coração por essa luz, o fogo resvala
do poema,
entorna de mim de tanta alegria,
eu te
desejo tanto o fogo
que as
frutas te serão lançadas na direção da boca.
eu quero
em ti,
em tudo
que espera com a mão em concha
o sangue
retornando à veia, o fogo
que ergue
a cabeça, mostra do alto da vida
onde o
amor goza a paz mais longínqua
Haroldo
Leão