sábado, 1 de junho de 2013



DITOSO FAZER

Eu te faria
Um filho
Uma matilha,
Um templo,
Uma sinfonia,
Um palácio
Na tua mulher.

Prole de ais
de jeito estranho
Faria
Uma flor,
Uma estrada,
Na parede
Onde vingam
Teus sóis
Afresco secreto
Pixar
Um poema
Um love raikai.

Faria um
ninho de aliança
Cozer no teu
Limbo
Ambrosia
Safado
sagrado licor

Faria
Sem nada
Sem Vênus
com eros
Agora
Na hora da ânsia
Vazar
No futuro
Recado legado
do passado avô.

Faria
Com pressa
Prestíssimo
nas estações
Salsa, tango
dançar
para Nietsche
 a nossa canção.

Tempero
na carne amada.
Faria
Um palavrão
Uma prenda
Uma lenda
Posição
De um Deus
Varado
De boa ira

Faria
Comida
temperar
tua carne
um vinho
De midas
Ouro
Da fauna
do sonho
de louco
semeador

Ou mesmo
Morreria
De novo
Na poesia
Ouvir na concha
Do teu mar
monossílabo
marulhar
Espasmo lindo
De quem
Pare o amor
Sem pudor
De ser feliz.

                       Haroldo Leão




Saudade é não dizer que a senti?
É ficar sentindo em si, o que outro
não sei se da mesma dor se premi?
Saudade é quando o corpo fica

Mais além do corpo diariamente
À procura de saber o que não se publica
Querer ir ao outro para, frente a frente
Vê-lo, sentir abraço, beijo e guarida....

Saudade: melhor nunca matá-la simplesmente
E fazer em si uma fé, desapegada certeza
Que o outro more em nós sem egoísmos

Que amar é sentir sem se jogar em abismos
Que amar é sentir o ausente pela beleza,
de longe enviar carinho e amor silente



                                                                                  Haroldo Leão

sexta-feira, 31 de maio de 2013







convida os teus dragões para dançar.




POEMA DESPRETENSIOSO DA PISCINA

E se eu ficar quadrado 
no feriado, com cara de quem é d’água
e com os olhos azulejados,
não se espante, pule na minha ideia!

poema é um refresco fácil
(e sem cloro para os cabelos), 
as palavras que boiam, suaves,
hão de lhe deixar à vontade
contando os aviões da cidade
enquanto saborear um gole de paz.

Amanhã é outra história,
Pula na minha ideia, saia de si
de camiseta, pega a bicicleta
e vai por minha atlântica 
Além do canal careta de televisão.

Se você me vir quadrado,
não se aprofunde, um mergulho
não precisa ser uma expedição abissal,
relaxe e curta o fundo
azulejado dos meus olhos rasos.

"LEGALAIZE" a pressão aqui nas minhas ideias.
Esteja à vontade para ver sereias...
caras areias de Cancún,
a bronze carne de ibiza,
vá ver se estou em Ramos
ou qualquer abastado piscinão.

Se eu ficar quadrado na sua frente
Invente logo o seu motivo,(um paraíso!)
Troque de humor, bote biquini,
Sunga, molhe-se na minha estância.
E da panorâmica sob os óculos escuros,
não desça daí, continua aí à toa,
viver pode ser de bobeira
um nado livre(uns versos brancos) numa boa.


                                                    
                                                                                 Haroldo Leão
CADENTE

eu queria que a dor
fosse uma estrela cadente
que ao senti-la
já desaparecesse, num instante.

mas essa do amor
quando o outro se vai com a metade
faz a gente ver a mesma estrela
durando um dia, uma noite, uma eternidade.


                                                                    Haroldo Leão

quarta-feira, 29 de maio de 2013





no desprezo, o afiado carinho
há de tornar-se medroso
e de carinhoso, passar a ser bruto,
mordida, em vez de beijo?

No áspero ouvido que ama,
mas evita, sofre o apelo
que mais se afia, em tornar-se
silente, ter consigo sábio zelo.

Vai se doer como ao viver
aquilo que guardo em segredo.
a chave, quem tem, sabe abrir,
achá-la bem sabe no degredo.

                                              Haroldo Leão













terça-feira, 28 de maio de 2013






ACENO

o carinho afiado
desliza o afago
à distância do acariciado.


Haroldo Leão







AFIAR O CARINHO




no desprezo, o afiado carinho
há de tornar-se medroso
e de carinhoso, passar a ser bruto,
mordida, em vez de beijo?

No áspero ouvido que ama,
mas evita, sofre o apelo
que mais se afia ao tornar-se
silente, ter consigo sábio zelo.

Vai se doer mais sabido
aquilo que guardo em segredo.
a chave, quem tem, sabe abrir,
e achá-la bem sabe no degredo.




                                                           Haroldo Leão

domingo, 26 de maio de 2013




ZEN JARDIM

                                    DIÁRIO DE UMA VIAGEM 
                                    AO INTERIOR DE MINHA CASA, 
                                    FOTOGRAFANDO...25/05/2013





arranquei do tempo
um instante da rosa,
ela continuou ligada à terra,
sorrindo como a tarde.
meu coração estava longe...
e a flor que pousava ria de mim 
como um silencioso monge.


                                             Haroldo Leão


Haroldo leão/ arquivo pessoal.




TROPEÇÃO


descubro-me de novo num tropeço,
na queda em mim mergulho e vejo

que a pele que tudo sente por dentro
Tem a dor da qual por descuido esqueço

a despeito do que é me ver assim narciso
sou de pensar que nunca tive  avesso.



                                                                 Haroldo leão