quarta-feira, 12 de junho de 2013

CERTA POESIA


ela
começa de um sorriso:

mas é preciso abri-la por meio de um beijo
depois ela cresce
cresce
como uma roseira acelerada

o ramo dos braços abre-se em lentos jardins

adiante 
ela é um grito, muito, 
muito baixo, um vento 
espiral nos meus ouvidos 

e quando as casas pedem          apaguem-nos
ela: amanhece
claridade de sexo  
a constelar meus olhos de nuvens, seios...

é quando as cabeças piscam sonhos
ela: 
acorda-me as faunas

e não há o que a interrompa
após largar-se das pétalas

depois, muito depois, ela é um círculo
e coincide de novo
com a minha linha



                                                                              Haroldo Leão 

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